quinta-feira, 20 de junho de 2013

Méritos e Deméritos do Espiritismo Brasileiro


O Espiritismo como aconteceu no Brasil não é igual ao europeu, apesar de ter este como base, ambos acabaram se diferenciando e se distanciando em diversos aspectos.

Neste país, o Espiritismo se tornou muito mais religião do que filosofia ou ciência, qualquer um que tenha uma vivência nesta vertente pode constatar facilmente este fato.

Outro elemento chave desta diferenciação são as federações espíritas (nacional e regionais), que por um lado organizam a estruturação dos centros, e por outro, limitam. 

Gostaria de neste texto apresentar alguns méritos do Espiritismo Brasileiro, aqueles fatos que merecem respeito e admiração, assim como outros que não são tão merecedores de crédito assim.

Não conheço nenhuma religião no Brasil (sim, considero o Espiritismo aqui uma religião) cujo os membros integrantes atuem mais em assistência social e causas beneficentes do que no espiritismo. Não há como negar, nossos espíritas são muito organizados e ativos neste sentido, realizando um trabalho extremamente louvável de auxílio ao povo deste país.

A literatura espírita merece respeito, apesar de limitada, ela conquistou grande abrangência, não somente entre o público espiritualista, mas de todos os tipos de leitores, por ser uma literatura de fácil compreensão e acesso. Conquistou espaço e respeito nas livrarias, normalmente tendo uma prateleira exclusiva, enquanto os livros das outras vertentes se "exprimem" em uma prateleira genérica normalmente chamada de espiritualistas, ou "esotéricos".

Também foi o espiritismo que popularizou "por aqui" conceitos de reencarnação e karma. Entenda, estes conceitos não surgiram com o espiritismo, como muitos erroneamente acreditam, são conceitos milenares, pertencentes a outras vertentes, mas que antes do "advento" da popularização da literatura espírita, eram completamente desconhecidos do grande público.

Agora, quanto aos deméritos que considero obra do Espiritismo Brasileiro, eu poderia salientar principalmente a deturpação desses mesmos conceitos que foram popularizados graças a ele. Por exemplo, no ocidente karma é entendido como um "olho por olho", obviamente "contaminado" pelos conceitos cristãos, seu real significado foi distorcido.

Há também a popularização de práticas de necromancia (comunicação com os mortos), em muitos centros espíritas se consideram comum a comunicação de qualquer entidade do plano astral que queira se comunicar, sendo este um grande perigo para médiuns e demais presentes, a meu ver.

Muitos espíritas desconhecem que nem todo "ser astral" é humano, nem todos são necessitados de auxílio, muitos "mortos" entes queridos dos presentes nem ao menos podem se comunicar através de médiuns, ocorrendo manifestações de "outras coisas" desconhecidas da maioria dos espíritas.

Julgo que a leitura de vertentes mais avançadas como a Teosofia por exemplo, poderia ampliar e complementar o entendimento dos espíritas quanto a espiritualidade. Apesar de vasta, sabemos que a literatura espírita ainda é bastante limitada.

Porém é claro que isto não é possível para os centros espíritas que seguem as exigências de suas federações, pois estas simplesmente não aceitam qualquer obra literária que questione qualquer uma das questões apresentadas no livro dos Espíritos de Kardec. Penso que este fato somente torna os espíritas bitolados, pois realmente nenhuma lógica pode ser abalada se nem ao menos são permitidos questionamentos, ou a apresentações de outros pontos de vistas e novas possibilidades.

Mais que isto, além de limitadora, esta postura também é anti-kardecista, pois mesmo Kardec dizia que se deveria ler obras que se opõem a sua literatura, caso contrário o espiritismo se torna anti-filosófico e principalmente anti-científico.

Será que vemos nascer no Brasil um espiritismo fundamentalista? Pois é como entendo qualquer vertente que queira apresentar "verdades absolutas".

CAMOS

quarta-feira, 5 de junho de 2013

segunda-feira, 3 de junho de 2013