quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Atabaques, usar ou não usar? Eis a questão...


Há no meio umbandista, muitas divergências quanto ao uso ou não dos atabaques, enquanto alguns optam por utilizar esta ferramenta, outros são estritamente contra.

Mas afinal, é certo ou errado usar atabaques durante as giras mediúnicas? Certo e errado, bem e mal, estas terminologias "extremistas" eu sempre procuro evitar, pois não está de acordo com a realidade, que é complexa e variada, e não preto no branco como muitos ainda teimam em acreditar (contrariando a lógica do mundo que os cerca).

A gira utilizando atabaques não é certa nem errada, é simplesmente diferente da gira que não utiliza, a "movimentação" energética será bem diferente, enquanto a primeira é mais "intensa" a outra é muito mais suave.

Mas então qual será a melhor? Depende, qual é o propósito da gira? Com que tipo de trabalhos os médiuns estão acostumados a lidar? Quais as entidades que se manifestam?

Aqueles umbandistas que vem do espiritismo kardecista, costumam optar por não usar atabaques, pois estão acostumados com o silêncio. Nessa "Umbanda meio espírita", muitas vezes utiliza-se a luz branca nas giras (tipo iluminação de sala de aula), trabalhando no ambiente claro, o que causa estranheza em muitos umbandistas, como eu.

Há aqueles que dizem que o toque do atabaque estimula o chakra básico (sexual) e que por isso não deve ser utilizado em trabalhos espirituais. Segundos eles o atabaque seria inferior a outros instrumentos musicais, como os instrumentos de corda que "vibram" em frequência mais elevada.

Realmente, o toque do atabaque estimula o chakra básico, porém o que muitos não sabem é que isto é comum e mesmo desejado em certos tipos de trabalhos espirituais. Sempre costumo definir a Umbanda como um Xamanismo contemporâneo, ao meu ver é o Xamanismo da nossa Era, por isso irei tratá-la aqui neste texto como tal.

O trabalho xamânico, diferente do trabalho budista, por exemplo, necessita de um mergulho consciente na realidade, intenso, é um caminho oposto ao do monge que "se afasta" da realidade senciente.

Nenhum é superior ou inferior ao outro, melhor ou pior, são somente trabalhos muito diferentes, trilhas diferentes de evolução e trabalho espiritual. Na gira de Umbanda, se lida com energias e se "quebra demandas" que nem no sonho mais dourado do monge seria possível realizar, pelo menos não com a velocidade que nós fazemos. Por outro lado o budismo trabalha "outras questões", como o controle da mente, do corpo, etc.

Para quem prefere e considera superior o guia espiritual de fala mansa e movimentação moderada, saiba que na minha opinião esta é uma idiotice sem tamanho. Alguns guias espirituais, pela linha que atuam e as energias com que trabalham, são muito mais agitados do que outros... a dança, os sons, gestos, estalos, assovios, tudo faz parte de seu "trabalho mágico". Portanto esqueçam as "regras de etiqueta mediúnica" que aprenderam no espiritismo, terreiro não é centro espírita, aqui o trabalho é de pé no chão e ninguém está preocupado com as aparências, só o trabalho a ser realizado é que importa.

Para finalizar o texto, vou registrar o meu gosto pessoal: a meu ver trabalhos de gira sem atabaques acabam perdendo boa parte da "graça", e certamente do "poder" de quebra de algumas demandas. Isso não quer dizer que eu sou contra a Umbanda sem atabaques, somente opto por "bater tambor".

Talvez no final seja mais uma questão de gosto... 

CAMOS

4 comentários:

  1. Eu conheci a macumba pelo atabaque, se não fosse ele eu não seria macumbeiro.

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  2. trabalho numa tenda de Umbanda, onde não usamos atabaques e nem por isso somos zen ou silenciosos. Nossos guias, descem com toda a força de seu potencial de trabalho e se for necessário o estalar de dedos, o uso de linguajar mais barra pesada, ou a impostura agressiva, assim eles vem... O que observo, é exagerado preciosismo e certa má vontade, com relação as tendas de Umbanda que não usam atabaques, como se estas fossem uma excrescência.

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  3. Eu frequento um centro onde a gira não usa atabaque.É bem kardecista mesmo, com luz de sala de aula, paredes brancas, com imagens de Chico Xavier, Jesus Cristo, Caboclos,entre outros. Tenho muita afinidade com este tipo de gira, pois tem um estudo sobre alguma passagem do Evangelho Segundo o Espiritismo, muita prece e depois do ritual de hinos da Umbanda, somos atendidos pelas entidades. Ja visitei outros lugares e particularmente, apenas me identifiquei com a gira desta Casa por ser mais silencioso, mas acho enriquecedor o som do atabaque quando tocado com moderação.

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